António Marinho e Pinto
Meu Caro Colega e Bastonário:
Quando te candidataste sabias que não ia ser fácil ganhar e,ganhando, não terias facilidades em cumprir o teu mandato.Mesmo assim persististe e foste em frente.
No próprio dia das eleições,ainda antes de conhecido o resultado,mas porque já se percebia que que irias ser tu o Bastonário,dois dos teus antecessores -Júdice e Pires de Lima - em comentários televisivos ,não perderam tempo e desferiram contra ti o ataque mais despudorado de que tenho memória. Acho que até santo te chamaram !!
Tiveste a calma suficiente,não lhes deste troco e venceste o primeiro round.
Não te intimidaram e,mesmo nos momentos mais solenes,abertura do ano judicial, perante as mais altas individualidades políticas e judiciais,disseste ao que vinhas, claramente dito.
Creio que não eras tão ingénuo que não soubesses que nós portugueses, somos por norma seres pacíficos,tolerantes e perdoamos tudo,à boa maneira judaico-cristã,especialmente aos nossos inimigos,desculpem, queria dizer adversários.
Só há uma coisa que não perdoamos:que nos tirem a peruca da hipocrisia,que nos atirem com as verdades para cima -por mais evidentes que sejam - e pior que isso,em público ! É que não sei se sabes,as verdades são mais duras e ferem mais que pedras.
Seguiste o caminho que nos prometeste - coisa a que não estamos habituados - e agora ,ainda que o quisesses,não podes voltar atrás.Estás condenado a ir até ao fim,custe o que custar,a ti,a nós e a eles.Esperemos que mais a eles que a ti e a nós.Ao longo de tantos anos ,criámos o malvado hábito de resistir ,resistir ,resistir que para alguma coisa nos há-de agora, e mais uma vez,valer.
O que tu foste fazer:
já não te chegava a animosidade de proeminentes magistrados judiciais,do ministério público,da polícia judiciária,do ministro da justiça,de deputados,de policiais,de Ilustríssimas sociedades de advogados,e sei lá que mais, tinhas ainda que defrontar-te com a mais isenta,pluralista, objectiva, ética comunicação social!
Ainda por cima,uma mulher,uma senhora desprotegida, tímida,humilde, afável,graciosa,cortês,delicada,instruida, formada,educada,competente, ingénua,bem intencionada, ... ,...., .... e ,casada !
Desculpa lá,mas aqui passaste os limites.
A senhora tem alguma culpa de estar no lugar em que está? Se houvesse jornalistas suficientes em Portugal achas que a pobre criatura se sujeitava a fazer aquele triste papel,ao que dizem,tão mal pago ?
Outra coisa em que não estiveste bem foi teres pedido à senhora que te olhasse bem de frente ,olhos nos olhos. Acho eu e muito gente achou isso indecente!Assim como apontares-lhe o dedo,a abanar,abanar,como se quisesses hipnotizá-la.Também falaste alto de mais(devias ter sussurrado )enervaste-te e não era caso para isso,só porque a senhora te quis julgar na praça pública,quer dizer na televisão,o que bem vistas as coisas é um privilégio a que nem todos têm direito,mas tu não percebeste que a senhora estava com boas,direi mesmo ,as melhores intenções.Por mais injusta que fosse a sentença, deverias ter agradecido a benevolência da juíza e teres-te culpado a ti por não teres merecido a absolvição.
Em resumo foste vulgar,nada elegante e isso é um pecado mortal para um advogado que se preze.Razão teve o teu amigo Júdice,que logo a seguir comentou num canal da concorrência," que és gordo,um populista,um Chavez,um Mussolini ".
Ele sim, o Júdice é elegante,fala dos amigos como se fôsse dele próprio,saudoso dos tempos de Coimbra- tu e muitos outros na cadeia por combater o fascismo e ele como bom salazarista a bater palmas a quem vos mandou prender.
Não te esqueças de lhe agradecer.
E prepara-te. O melhor vem a seguir : como falas muito alto,incomodas, estão a fazer-te a cama,pôr-te a dormir,para te calar.
Por estas bandas, a justiça tal como por aí,por todo lado,a justiça vai bem mal e recomenda-se.
Abriste mais uma fenda na muralha do conformismo.Ateaste o direito à indignação contra o jornalismo mercenário ,vamos ver se o exemplo prolifera.
Fico ao teu dispôr no que puder ser-te útil.
Um abraço do Amigo e Colega
+ União (83): Um acórdão digno de nota
Há 3 dias
3 comentários:
gostei desta postagem.
Gostei em especial do uso da ironia em relação ao mau serviço que a esposa do Grã-mestre da tvi presta.
Gostava de ter muitos homens, em Portugal, como este vosso bastonário.
Lúcia
olá anónimo reconhecido, está bonzinho?
Não preciso de dar graxa a ninguém. Gostei do texto e gosto da postura do bastonário.
Você é que parece que rebola à direita e à esquerda.
Ao resto das provocações não respondo porque este espaço deveria ser para comentar os textos e como sou bem formada uso-o para isso mesmo.
Ataques pessoais e sobretudo debaixo de anonimato não me atingem.
Ah e já agora, escreve-se graXa (e a inculta sou eu....)
Cara Lúcia,
Desculpe o tempo que demorou até apagar o "comentário".
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