domingo, 31 de maio de 2009

Votar para o Parlamento Europeu

Tempos houve(antes do 25 de Abril 74) em que fui para votar e não me foi permitido.Eu, como muitos milhares de outros cidadãos,por não sermos da côr,eramos apagados dos cadernos eleitorais pelos esbirros do regime.
Por isso,desde que há eleições livres,nunca abdiquei de dar o meu voto, de contribuir para eleger aqueles que nos irão representar nas diversas instâncias do poder.
Podemos queixar-nos e lamentar que, por vezes, os que elegemos não correspondam às nossas expectativas.Ou que a participação do cidadão se resuma muitas vezes e só,a votar.E que daí para a frente,poucos ou nenhuns dos eleitos se preocupe em conhecer a nossa opinião sobre matérias que a todos interessam.
Mas pior que tudo será demitirmo-nos de ter opinião, permitirmos que outros usem e abusem do nosso silêncio.
O Parlamento Europeu será mais um sítio onde as nossas vidas estarão a ser jogadas.
Não me é indiferente quem fará o jogo.
A direita europeia tem sido maioritária e trouxe-nos ao actual estado de coisas,
que já está a sair-nos extremamente caro e penoso.Não creio que possa inverter o sentido de marcha ,sem danos ainda maiores.
Vou votar,mais uma vez , à esquerda.
O BE,PCP e PS têm bons candidatos .
Votar em qualquer deles será sempre preferível a não votar ou votar em branco ou nulo.

7 comentários:

Felisberto Matos disse...

Meu Caro
conforme teu pedido eliminei o comentário anterior.

Rogério Manuel Madeira Raimundo disse...

Caro Felisberto,
Cá está a minha opinião, no meu endereço pessoal:
O PS não é esquerda actualmente, mesmo que agora se pinte nas eleições europeias.
Não podemos esquecer, por exemplo, o Tratado de Lisboa que PSócrates/Vital promoveram e o que significa...

O BE é, de facto de esquerda, e em muita acção podemos convergir, mas na europa é federalista...

Daí que caro Felisberto, só restam as 6 razões para todos os de esquerda votarem:CDU!!!

1.O voto dos que não abdicam da defesa dos interesses nacionais nem se submetem a ser governados a partir de Bruxelas. O voto que afirma a soberania e a independência nacionais como parte integrante de um projecto de desenvolvimento para Portugal.


2.O voto que dá continuidade à luta contra a acção do Governo, e prolonga nas eleições a exigência de uma nova política e que se projecta para as lutas futuras contra as injustiças e as desigualdades e pela ruptura com a política de direita.


3.O voto dos que não se recusam a aceitar como único caminho para a Europa, o caminho de uma integração capitalista atrelada aos projectos militaristas.O voto que afirma Portugal como um país aberto à Europa e ao Mundo assente em relações diversificadas de cooperação entre os povos e pela paz.


4.O voto em gente séria, que honra os compromissos e respeita a palavra dada. O voto que se opôs aos aumentos milionários dos salários no parlamento Europeu e que dá garantias de não os usar em beneficio pessoal.


5.O voto dos que confiam, que com a luta e o seu voto, é possível abrir um novo rumo e construir uma nova política. O voto certo dos que sem hesitação exigem uma ruptura com a política de direita e a construção de uma política alternativa de esquerda.


6.O voto que reconhece nos deputados do PCP um trabalho sério e empenhado, ligado à vida e aspirações dos trabalhadores e do povo, sempre presente na defesa dos interesses nacionais no país e nas instituições europeias.

Felisberto Matos disse...

Caro Rogério
Quando escrevi a postagem sabia antecipadamente que irias comentar.Estás sempre em cima do acontecimento.
Vamos por partes:
1) O PS actualmente não é de esquerda
Estás a admitir que já o foi;e portanto poderá vir a sê-lo novamente.
È verdade que a maior parte das suas políticas têm sido de direita.È verdade que o governo Sócrates e PS ,em grande parte se confundem.Mas temos tb que admitir que o PS não é monolítico;tanto assim que Manuel Alegre e a sua facção ,sendo minoritárias têm peso.Tenho cada vez mais dificuldade em ignorar que há muita gente de esquerda no PS.Os partidos,tal como tudo o resto,mudam .Umas vezes mais à direita outras vezes mais à esquerda.Nem por isso, e sem perder a própria identidade,se deve empurrar os que nos estão mais próximos para os braços dos verdadeiros adversários.È o que tem acontecido sistemática e mutuamente entre PCP e PS. Como nenhum partido faz revoluções sózinho(e cada vez menos isso será possível e ainda bem )a teoria e a prática aconselham alianças(com princípios ,é claro).
2-quanto às 6 razões para votar PCP
Com excepção dos pontos dois e seis,não me parece que que sejam razões que o PS não possa subscrever,embora com perspectivas diferentes e discutíveis.

Uma coisa me parece certa:com uma europa conservadora e até reaccionária como a que temos actualmente e uma esquerda fragmentada, ideológicamente inerte,sectária e preguiçosa ,dificilmente a UE se afirmará no contexto internacional, como projecto de futuro.
Um abraço

ANTONIO DELGADO disse...

Este Comentário é mais dirigido para o Rogério e é um extracto, com ligeiras alterações de um texto que já lhe enviei:
Sobre a critica ao PS.
Caro Rogério:
Se há pessoas em Alcobaça que admiro dentro da politica uma delas és tu, mesmo podendo estar em desacordo com certas posições que tomas como já manifestei publicamente e o contrário também…está escrito e publicado em jornais e no meu blog. Aproveito para dizer que o teu artigo num dos últimos RC pecou, na minha perspectiva, por ser mais CDU que Rogério Raimundo, tal como o teu comentário sobre o PS. Por vezes noto o PCP/CDU muito semelhante à igreja católica, com um discurso dogmático, monolítico a preto e branco. Já agora faço uma pergunta esotérica e sociológica : Porque será que a implantação e difusão do comunismo é mais evidente e intensa em países de fortes tradições católicas , será coincidência ou é impressão minha?

Os partidos e logicamente os seus candidatos, ganhariam mais se falassem das suas ideias de forma aberta e menos nos DOGMAS PARTIDARIOS, AS CAMPANHA TEM DE COMUNICAR OS VALORES DOS CANDIDATOS …Talvez por isso, tenha alguma admiração por Vital Moreira, por ser alguém que transmite o que pensa . Tem mais efeito explicar valores do que explicar propostas especificas, apesar de terem dito dele que ele era um erro de “casting”. Muitas vezes as propostas são vacuidades e demagogia em estado natural.
Por ultimo sou militante do PS e considero-me de esquerda e não me revejo nestas ideias que deixas-te expressas e suponho que não são aquilo que no teu intimo sentirás.
Um abraço cordial
António Delgado

Anónimo disse...

É muito interessante, o que aqui se aprende!!!
A.Delgado, que se afirma PS, constata que "...a difusão do comunismo é mais intensa em paises de tradição católica...".
-A sério? Imagino quantas missas suportou para chegar a tal conclusão. Mas não precisava. Basta que se consulte o insuspeito "Reader,s Digest" para desfazer o engano. E achei um primor de insenção considerar que "... o artigo do R.Raimundo, é mais CDU que R.Raimundo". Notável, vindo de onde vem.
Depois, esta curiosa fórmula de analizar os "zig-zag" (mais zag que zig...)do PS, e mais uma vez o Alegre, para amenizar o discurso:
"...já foi, não é, mas pode voltar a ser de esquerda, por isso não o podemos empurrar para a direita...".
E como se pode evitar? -Com o voto, para repetir este absolutismo pesporrente, e todavia servil aos interesses das grandes potências na destruição da produção nacional, que sacrificou grande parte dos direitos laborais e sociais em favor dos grandes grupos económicos??? - Ou com a crítica, alertando os eleitores socialistas que este governo de tecnocratas não tem nada de socialista, antes se transformou no conselho de administração dos Mello, Belmiro, Espirito Santo, e que este PS precisa de um banho de humildade, sendo para isso necessário eleger homens e mulheres competentes, honestos, dedicados à defesa dos interesses do país, e que afinal são os candidatos da CDU?
Votem bem.
Abraços

ANTONIO DELGADO disse...

Caro Felisberto,

lamento mas não respondo a anónimos.

Rogério Manuel Madeira Raimundo disse...

Acabei de ler o texto do Vitor Dias no magnífico blogue dele, "O tempo das cerejas"-
Daí que recomende a leitura para este debate (com Matos e Delgado e tb seria bom que o anónimo se identificasse) que prefiro claramente ao vivo!!!
De facto, Caro Felisberto, votar PS, em 2009, é votar direita! Não podes ignorar: Temos que "levar a luta ao voto"!!!

"Não sendo difícil admitir que mesmo na área de influência eleitoral da CDU haja não poucos cidadãos para quem a Europa, o Parlamento Europeu e as chamadas «questões europeias» dizem pouco, ou então que consideram que estas eleições ainda são a «feijões» (rima mas não é verdade), então é necessário dizer-lhes e lembrar-lhes que o Parlamento Europeu pode ficar longe, mas a votação é cá e é cá que os seus resultados terão incontornáveis repercussões.
Sobretudo porque, ninguém duvide, ou darão – como esperamos, queremos e é necessário – um sinal de dinâmica e esperança a favor dos que lutam por mudanças reais e profundas na política nacional ou darão um sinal de resignação e desistência a favor de um futuro de imobilismo que, como a palavra indica, só terá para nos oferecer mais do mesmo .
Os eleitores que já confiaram no passado e estão disponíveis para confiar pela primeira vez na CDU, sendo como são cidadãos e cidadãs conscientes e empenhados, de uma coisa não podem ter a mais pequena dúvida: é que aquele Secretário-geral do PS e primeiro-ministro que agora, dia sim dia não, nos diz que as eleições são só para o Parlamento Europeu e não terão projecções directas na vida política nacional, será o Secretário-geral do PS e primeiro-ministro que, se no dia 7 o resultado do PS for bom ou pelo menos razoável, estará em todas as televisões a atirar-vos à cara que os resultados mostraram um sólido apoio à política do seu governo, mostraram que tanto falatório sobre descontentamentos e manifestações contra a política do seu governo eram afinal obra de pequenas minorias e que nada nem ninguém pode falar mais alto e mais claro que as urnas.
E a pergunta franca, directa e sincera que quero aqui fazer a todos e a todas que tanto e tão generosamente lutaram contra a injusta política deste governo nos últimos quatro anos é apenas esta : querem passar pela situação de, sentados em casa, terem de ouvir José Sócrates a amesquinhar e desvalorizar a vossa indignação, o vosso descontentamento e a vossa luta, sem ao menos terem a consciência tranquila de que, tendo ido votar CDU, tudo fizeram para que isso não acontecesse?
Quero crer que não querem. E quero crer que perceberão que a nossa frase «Levar a luta até ao voto», longe de ser uma coisa esquisita, é a consigna de maior profundidade e valor democráticos que está presente nesta campanha eleitoral.»

Vitor Dias