Polivalência

Faleceu há uns anos o "ZÉ da Aliceira".Homem integro e profissional de mão cheia, aliava a isso um amor profundo pelo Ginásio, razão porque, ali desempenhou toda a sorte de cargos e lugares.

Um dia , o Ginásio foi jogar à Figueira da Foz , massagista não havia e por isso naquele dia foi esse o lugar que o "Zé" foi desempenhar.

Nessa época os bancos dos treinadores e suplentes,localizavam-se em lados opostos , normalmente reservando-se para o visitante o local onde os aficionados locais mais pressão pudessem fazer e de alguma forma condicionar assim o desempenho do adversário.

Começou o jogo e a determinada altura do mesmo , um jogador do Ginásio foi vitima de uma entrada dura por parte de um adversário ,justamente a escassos metros do banco da equipa da casa. O "Zé" ficou duplamente preocupado, aquilo parecia grave e não era algo que um bom marceneiro pudesse resolver.

O árbitro partilhando da aparente gravidade da lesão fez sinal para a entrada do massagista e o "Zé" começou a ver onde estava a mala branca dos primeiros socorros, fê-lo devagar,olhando de lado para observar se o massagista da equipa adversária ali tão perto da vítima dava uma mãozinha. E de facto assim aconteceu, o massagista da Naval socorreu o atleta do Ginásio, altura ideal , para correndo com alguma lentidão o "Zé" pegasse na mala e atravessasse o campo na direcção do seu "doente".

Já junto do atleta e do massagista da equipa adversária o "Zé", pôs a mala dos "remédios" na relva e debruçou-se sobre os dois (atleta e massagista), razão porque o da Naval se levantou dizendo para o "Zé" ; Oh colega faz favor , fazendo menção de se retirar , e o "Zé" com a sua simplicidade diz-lhe: mas o amigo também é marceneiro!?

Gosto de me lembrar assim do "Zé", contando estas coisas com a simplicidade e o ar bondoso que o seu bigode bem aparado lhe dava. Esteja onde estiver, que o seu amor pelas coisas tenha sido suficiente para tirar um bom curso de massagista. Até sempre "Zé"