Quando um destes dias ouvi logo pela manhãzinha que Portugal se vai candidatar a mais um campeonato de futebol, eh pá, nem sei como vos transmitir a alegria que me invadiu. Corri para o primeiro quiosque mais próximo, e sem regatear o preço comprei, para além do diário habitual, os desportivos que, por específicos, seriam indiscutivelmente muito mais credíveis. Assim confirmei o que ouvira. Mas, nos tempos que correm, há que cada vez mais dar crédito ao velho ditado “Quando a esmola é muita, o pobre desconfia”.
Os meus olhos arregalaram-se. O meu rosto sorriu com algum esforço, pois por falta de razões, há muito que o não fazia. O meu estado de felicidade era tamanha que reparei em alguns transeuntes que me olhavam de soslaio e inquietos, não conseguiam também eles, pelo menos a mim, evitar que descobrisse o que estavam a pensar “O que fará aquele tipo estar tão satisfeito?” Pois é, eles ainda não sabiam. Tal situação deu-me ainda mais gozo. Desfrutava de uma informação que muitos portugueses ainda não tinham. Senti-me um privilegiado.
Porém, como se ser feliz neste país seja proibido, ao longo da minha leitura, conduziram-me as notícias para uma profunda tristeza. Debatemo-nos com um grave impecilho - não temos estádios com capacidade de lugares para a realização de uma final ou estreia do tal campeonato. Por outro lado, o ministro não considera prioridade o campeonato. Ele não sabe o que diz.
Como é isto possível!? Então num país em que construímos não sei quantos estádios novos - ainda há quem estrague os fatos por se encostar à tinta ainda ela fresca – com milhares de cadeiras, que na sua maioria ainda não foram estreadas. Com relvados mais do que uma vez substituídos, e há quem tenha o descaramento de por em causa o interesse e a nossa capacidade de realização? Qué lá isso… brincamos ou quê!?
Prioridades? A nossa prioridade neste momento só pode ser uma. Combater a crise criando emprego. Deitem-se os novos estádios abaixo e construam-se outros mais novos. As estruturas não estarão assim tão calcinadas nem tão firmes que seja difícil de aproveitar os ferros. Ora querem lá ver que por causa de meia dúzia de cadeiras é que não fazíamos o que melhor que ninguém sabemos. Improvisar. E se na verdade, se confirmar que estamos em crise, então para minorar os custos, é questão da comissão organizadora calendarizar bem os dias e horas dos desafios e utilizar as cadeiras da assembleia da república. Bem organizado, ninguém dará por falta das mesmas.
Afinal que razões nos podem apontar para não fazermos a festa!? Que país, com as nossas dimensões, as nossas dificuldades, com todos os nossos podres, se pode orgulhar de ter tantos jogadores de futebol a querer-se nacionalizar portugueses? Se não fossemos mesmo bons, acham que eles queriam vir? Acham? Então o deco e outros têm alguma precisão do nosso dinheiro? Agora vem o liedson. Então não é significativo que para além dos nossos “heróis” Cristiano à cabeça, haja rapaziada que renega os seus países, famílias, bandeiras, eu sei lá quê e os trocaram por isto!?
Preocupava-me era se pessoas com provas dadas e que trabalhassem noutras áreas ou actividades técnicas, que criassem conhecimento, se quizessem naturalizar portugueses. Isso sim era de temer. O que ganhávamos com isso? Nada. Só faziam era concorrência aos que cá estão. Há que evitar que eles se naturalizem. Agora futebolistas, a gente até exportamos disso a dar com pau. Olhem só do que é que feita a nossa selecção. Tirando os recém naturalizados, quase todos jogam no estrangeiro. Venha mas é o mundial.
Ouçam, quando eles dizem que não temos lugares sentados, o que eles têm é inveja de não serem tugas. Mas lixam-se. Vamos ser capazes de arranjar estádios e despois até lhes enfiamos as cadeiras pelas goelas adentro. Vão ver. Ou a gente não tivéssemos um irmano madail.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
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2 comentários:
Caro amigo.
Muito obrigado pelo destaque do post. Será que aqui vão estar todos os poemas e quadras que há em Portugal sobre melros?
Um abraço
Félix
Caro Félix:
Em Portugal e em todo o mundo,assim haja quem vá enviando.Eu só me lembrei do melro do Junqueiro. Nunca antes me tinha passado pela cabeça fazer uma colectânea de o melro na literatura!Está feito o convite aos leitores...o tempo dirá onde isto vai dar .
Cumprimentos
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