domingo, 25 de setembro de 2016

Poema  de FERNANDO  PESSOA  (1889 - 1935 )

(sem  título )

Não: não digas  nada !
Supor  o que  dirá 
A  tua  boca  velada
É ouvi-lo já.

É ouvi-lo melhor 
Do  que  o dirias.
O  que és  não  vem à flor 
Das  frases e dos  dias.

És melhor  do que tu.
Não  digas nada : sê  !
Graça do corpo  nu
Que invisível   se vê.

 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Outro poema  de MIGUEL  TORGA   (15  Fevereiro  1981 )

Depoimento
De seguro,
Posso apenas dizer que  havia  um  muro
E que foi contra ele que arremeti 
A vida  inteira.
Não.Nunca o contornei.
Nunca tentei
Ultrapassá-lo de qualquer maneira.

A honra  era  lutar
Sem esperança  de  vencer
E lutei  ferozmente  noite e  dia,
Apesar de saber
Que quanto mais  lutava  mais  perdia
E  mais funda sentia
A dor  de  me  perder.
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Poema de  oito versos de MIGUEL  TORGA ( 27 de Maio  1977 )

ALVORADA
Foi tudo simples:aconteceu.
O dia  amanhceu,
Acordei.
E reparei no  milagre concreto de viver.
E cantei
Como um  galo  feliz. 
O que  esse  canto diz
É que  não sei.
 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Quarto versos de um poema de MANUEL  ALEGRE (contemporâneo e vivo ).

 Trovas do  mês de  Abril 
Foram  dias  foram  anos a  esperar por  um  só dia .
Alegrias . Desenganos . Foi o tempo  que  doía
com seus  riscos  e seus  danos .Foi a  noite  e  foi  o dia
na  esperança  de  um  só  dia .
Quatro  versos de um  soneto de Camões  (158 .)

Mudam-se os  tempos,mudam-se  as vontades,
muda-se  o ser , muda-se  a confiança;
todo  o mundo  é composto  de  mudança, 
tomando sempre  novas  qualidades. 
 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

 Dois  versos  da  estrofe  83  do Canto  Nono dos Lusíadas,de CAMÕES (1580 ? )

Milhor  é exp`rimentá-lo que julgá-lo,
Mas  julgue-o quem não pode exp`rimentá-lo.

domingo, 18 de setembro de 2016


Dois  versos do  soneto  AMAR ! do  livro Charneca em  Flor (1930),de FLORBELA  ESPANCA

Quem  disser que  se pode amar alguém
Durante a vida inteira  é porque mente !
O último verso de  Fernando Pessoa (19 - 11 -1935 )

Dá-me  mais vinho, porque  a vida  é nada .