domingo, 25 de abril de 2010

25 de Abril sempre

No 25 de Abril de 74 estava eu no quartel de Lagos.
O único quartel comprometido com o MFA,em todo o Algarve.
Foi bonito de se ver e actuar.
Um dia ,talvez ,escreverei alguma coisa do muito que se passou ,nos meses seguintes.
Juro que vi renascer ou melhor,nascer pela segunda vez, muitos homens e mulheres de diversas idades e condições sociais.
Vi,claramente visto, pescadores,conserveiras de peixe,operários da construção civil,empregados de hotelaria,funcionários administrativos,famílias sem casa e muitos outros cidadãos chorarem mesmo,incontidamente,quando dia após dia,verificaram que podiam levantar a voz e enfrentar,cara a cara,sem medo de represálias,os seus opressores de antes.
Saído pouco tempo antes da universidade e lutas académicas,pude testar a teoria e a prática.Esta,revelou-se incomparávelmente muito mais rica que aquela.Revolução é o povo em movimento,com todas as suas contradições,força e criatividade.
Tive o privilégio de poder assegurar em muitas situações,enquanto militar,as condições que permititiram que as pessoas se rebelassem,exprimissem ,organizassem e levassem em frente as suas lutas.
Se alguma coisa aprendi,foi que a liberdade nunca nos é oferecida.Quem a quiser,terá que conquistá-la e defendê-la.Hoje (em circunstâncias diferentes ),como há trinta e seis anos.

Lagos,terra e gentes que mal conhecia antes,passou a ser para mim, sinónimo de Liberdade.

Em jeito de singela homenagem,socorro-me dos versos da grande poeta que foi Sophia de Mello Breyner Andresen,que terão sido escritos escritos:

no dia 20 de Abril de 1974:

Na luz de Lagos matinal e aberta
Na praça quadrada tão concisa e grega
Na brancura da cal tão veemente e directa
O meu país se invoca e projecta.

no dia 25 de Abril de 1974:

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
e livres habitamos a substância do tempo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Governo piedoso...

Afinal este governo não é tão mauzinho como o pintam.
Congelou os ordenados da função pública ,mas em compensação dá-lhes uma balda(tolerância de ponto)
pela vinda do Chefe de Estado do Vaticano ou do Papa,ainda não percebi por qual deles,a Fátima.
Mas a surpresa maior está ainda no segredo dos deuses(entre os quais óbviamente me incluo) e que vou revelar aqui só para mim,único leitor deste blogue-diário-íntimo :
Sócrates e todo o seu governo vão em peregrinação a Fátima,em autocarro descapotável e de velinha na mão.Estão cheios de fé num milagre,que lhes permita chegar ao fim do mandato.
Milagre que a acontecer ,por ser o primeiro e único, teria também a vantagem de certificar a santidade da senhora.
O único ponto de discórdia que até agora, ainda não foi resolvido pela comitiva governamental,é se será ou não obrigatório que cada um seja portador de pelo menos um preservativo,dadas as recentes,frequentes e insidiosas notícias de maus hábitos de muitos outros ilustres peregrinos e oficiantes.
O sr.ministro da saúde diz que tem que ser,pois é política oficial do governo.O primeiro-ministro diz que sim senhor,mas que se o papa,que condena o uso do dito vem a saber,é uma chatice.E depois também não é assim tão grave o governo dizer uma coisa e fazer o contário,os portugueses até já nem ligam a isso, de tão habituados que estão.Os restantes ministros e secretários de estado estão divididos quase a meio,uns pró,outros contra.
Eu,bloguista inconfidente,só receio que por taõ pouco, desistam desta inaudita e mais que brilhante iniciativa.
È que, depois quem passa por mentiroso, sou eu.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma boa e uma má notíçias

A boa notícia é que os EUA e a Rússia assinaram o Start 2,isto é,reduziram trinta por cento os seus arsenais nucleares.
A má é que continuarão a existir os restantes 70% ,mais os arsenais dos países que não reduziram os seus.
Potencial multisuficiente para reduzir a Terra a um rebanho de meteoritos a vaguear pelo espaço.

sábado, 3 de abril de 2010

Ainda os submarinos

A compra dos submarinos pelos inefáveis Durão barroso,Manuela Ferreira Leite e Paulo Portas veio trazer à tona ,agora que estamos como poucas vezes temos estado, em tempo de vacas famélicas,várias questões relevantes:

1- O seu elevado preço e como vamos pagá-los;
2- O incumprimemto de grande parte das contrapartidas por parte do vendedor;
3- As negociatas que envolveram o negócio,vulgo, corrupção;

Quanto a mim,a verdadeira questão não passa por aí.Passa isso sim,por questionar abertamente, sem tabus,a necessidade da sua compra e muito mais que isso,a existência de forças armadas em Portugal.
Agora está na moda os responsáveis políticos justificarem a compra dos submarinos dizendo que estes são a arma por excelência,dos países pobres.Até porque temos uma enorme ,e em vias de expansão,àrea marítima de exclusividade económica.
O argumento é tão pobre,quanto a desses pobres políticos,deste pobre Portugal.
Necessitamos de forças policiais terrestres,marítimas e aéreas e humanitárias,disso não duvido.Mas forças armadas para quê ?
Portugal pode e deve libertar-se de uma vez por todas desse pesadíssimo fardo que as grandes potências (fabricantes de armas e de guerras) lhe impõem.
Portugal por ser pequeno ,só poderá ser grande se der o exemplo,se trilhar sem sofismas,o caminho da paz.