quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Alexandra Lucas Coelho

A jornalista - repórter do Público (P2)

O prazer da viagem e da descoberta,a côr,a visão panorâmica e o detalhe,os sons,os paladares,os cheiros, as texturas e os volumes,o passado e o presente,a história,as pessoas ,as ideias e os sonhos,as pessoas e o quotidiano,o que está à vista e o que está oculto por séculos de poeira, indiferença, preconceito, discriminação, racismo,
políticas deliberadas, colonialismos e neocolonialismos, a miséria e a grandeza humanas, tudo isto e muito mais nos é servido em bom português, com a aparente naturalidade de quem escreve um diário para gozo próprio,mais que por dever de ofício.
A Alexandra revela,observa,regista e transmite.
A nós,companheiros de viagem a Portugal, ao Médio Oriente,África do Sul,México e outras paragens, delicadamente, deixa-nos o trabalho de julgar.E uma boa surpresa :
afinal,ainda há jornalistas-repórteres em Portugal.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

16 de Agosto

Astronautas

Astronautas,vogamos pelo Tempo,com a falsa noção de segurança ,de termos os pés assentes em Terra.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Ao Presidente da Câmara de Alcobaça

A propósito de um hospital novo

Foi com alguma surpresa que ouvi noticiar que o sr.Presidente se propôs oferecer ao Ministério da Saúde,o terreno onde está implantado o Mercoalcobaça,para um hospital novo,isto é,a construir de raiz.
A surpresa não foi só minha pois ,ao que me é dado saber,os vereadores da oposição -PCP e PS- também vieram a conhecer tal proposição,primeiro pela rádio local e só depois em reunião de câmara.
Logo por aqui se vê,quanto as decisões políticas da câmara padecem de falta de diálogo e práticas democráticas.É que,tendo V.E. sido eleito por maioria absoluta,nem por isso os vereadores da oposição deixam de representar quarenta e tal por cento dos eleitores. V.E. e o seu partido ganharam é certo,mas os que ficaram em minoria não deixaram de ser alcobacenses e cidadãos tão legítimos e com tantos direitos,quanto aqueles.A menos que V.E. se julgue e actue apenas
como presidente dos que o elegeram. Pessoalmente,não acredito, isto é,não quero acreditar.
As questões aqui que me proponho expôr interrogativamente,são muito simples,já que um hospital melhor que o que temos,todos os alcobacenses o desejam e quanto a isso não parece haver discórdia.Embora eu não acredite que venha a ser uma realidade nos próximos 10,15 ou 20 anos,por razões que ultrapassam o âmbito local.Vamos às questões:
Primeiro:
de que hospital estamos a falar? Com que valências? que cuidados de saúde vai prestar? os mesmos,que são já tão poucos e com tendência a ser cada vez menos?Ou um hospital com mais especialidades,mais profissionais e mais apetrechado técnicamente?
Esta é a verdadeira questão,o edifício em si,sendo relevante,não é o fundamental.
Segundo:
V.E. propõe-se doar o terreno.
Se essa é ou vier a ser uma condição decisiva para a construção dum novo hospital,que não seja apenas mais um edifício novo,estamos de acordo.Parece-me no entanto,que V.E. cedeu antes de a batalha começar,com a ansiedade de mostrar serviço,obra feita,betão à vista.Esqueceu-se das contrapartidas prometidas pelo anterior governo,por o novo aeroporto deixar de vir a localizar-se na OTA,como durante muitos anos esteve previsto?
Esqueceu-se de que o actual governo,via Ministério da Agricultura,para ceder o Museu do Vinho à câmara,está a a exigir que esta lho compre? No mínimo,tentou uma permuta?
Terceiro:
independentemente da questões anteriores,o sr.Presidente parece ter-se precipitado ao oferecer o terreno do Mercoalcobaça.Senão vejamos:tirando o parque automóvel e ajardinado que estão livres,no resto do terreno estão construidos os edifícios do Merco,com uma área coberta de três ou quatro mil metros quadrados(cálculo a olho e à distância,penso que peca por defeito).Construção recente,vinte anos no máximo.Entre área coberta e descoberta,rondará um hectare.Tudo no valor de alguns milhões de euros.O edifício do Merco,a seguir ao mosteiro,é a maior área construida na freguesia de Alcobaça.A única que acolhe eventos com milhares de pessoas.Destruí-lo,afigura-se uma má ou mesmo muito má solução.Terá a câmara alternativa disponível para substituir o Merco? Onde, quando e quanto lhe custará consegui-la ? Não está a câmara financeiramente no fio da navalha? Caso o hospital venha a ser uma realidade naquele local,não será também necessário deslocalizar a feira? Para onde,quando e a que custo?
Finalmente ,mas não menos importante:
será o melhor local para um hospital? Está em construção a estrada que ligará, a Nazaré à estrada nacional nº1,que passa pela Fervença,Boavista com variante a sair dentro de Alcobaça,junto à Acessor( a duzentos ou trezentos metros do actual hospital).Não haverá próximos dessa via rápida,terrenos camarários ou particulares convenientes ao hospital e muito mais baratos? Não será inclusivé,de repensar a hipótese de fazer obras de remodelação no actual hospital?
Sr. Presidente da Câmara de Alcobaça:
Não duvido da sua boa vontade para resolver situações que tirem Alcobaça deste aparente beco bem estreito,em que se encontra.Alcobaça está económica e socialmente sem vitalidade,envelhecida,quase moribunda.Mais parece,desde há anos,um velho carro sem motor e sem condutor.O sr. Presidente ainda é jovem e espera-se de si algum arejamento de ideias e sadio relacionamento com os munícipes.A princípio revelou alguma abertura .Actualmente(e decorreram apenas alguns meses sobre a sua eleição)começa a parecer-se com o seu antecessor,fechado na sua concha partidária,egocentrista,alheio às opiniões e contactos com a população,avesso à discussão democrática com os representantes da oposição no executivo camarário e assembleia municipal.
O hospital já levou o seu antecessor,a fazer a compra do terreno em Alfeizerão, previsivelmente ruinosa para as finanças de Alcobaça,como veio a acontecer,não obstante ter sido repetidamente alertado.
O sr. ainda está a tempo de não trilhar o mesmo caminho e é bem fácil:basta convencer-se de que não é o único dono da verdade,de que não é dono de Alcobaça e que os bens,dinheiro e interesses públicos devem ser geridos com muita prudência e ponderação.

Um país de governantes loucos

Primeiro foi o Guterres a comprar aviões para a força aérea que nunca chegaram a ser desencaixotados e equipados.Ainda bem,limitou-se o estrago financeiro.
Depois foi a tripla das tristes figuras,Durão,Manuela Ferreira Leite e o inevitável Paulo Portas,sempre armado em bonaparte,a irem ás compras:dois submarinos,140 carros de combate (os Pandur) e outras ninharias,que custam milhões de milhões de euros.
Os carros de combate,fabricados na Áustria,ainda não chegaram ,estão atrasados.Que pena,estão a fazer-nos uma falta danada,nem percebo como temos sobrevivido sem eles.
Haverá alguém no governo com o suficiente bom senso para cancelar a encomenda?
Por favor,expliquem-nos onde estão os ferozes inimigos externos de que precisamos defender-nos,armados até aos dentes?
Para que precisamos de forças armadas?
Não nos venham é com as habituais balelas do combate ao terrorismo e defesa das águas territoriais.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Freeport - Ministério Público em roda livre

O M.P. é uma instituição hierarquizada.Mas não parece.Pelos vistos,cada procurador seu feudo.O Procurador Geral(autoproclamado Rainha de Inglaterra) não manda nada,reconhece.
Os seus subordinados não o reconhecem,provávelmente por não ser oriundo das fileiras do M.P. mas da Magistratura Judicial.O corporativismo volta a estar na moda ,se é que alguma vez deixou de o estar.
Os procuradores que investigaram este processo,em dada altura disseram-se pressionados(pelo colega Lopes da Mota).A quem se foram queixar? Ao superior hierárquico? Não. Ao sindicato. E este a quem comunicou tais suspeitas? Ao Procurador Geral? Não. Ao Presidente da República.
O mínimo que se pode dizer é que se trata de uma hierarquia desconjuntada,minada,anárquica, desconfiada,paralela,de conveniência.
O despacho de arquivamento e acusação proferido pelos dois procuradores(os mesmos que antes se disseram pressionados),decorridos seis anos de investigação,já ouvimos catalogá-lo de: insólito,preverso,surpreendente,aberrante,incompetente,doloso e sei lá que mais.O sindicato diz que é transparente.Na verdade é tudo isto e muito mais.
De facto é transparente:denuncia a falta de confiança dos procuradores nos seus superiores hierárquicos;lança sobre eles a suspeita de que não puderam levar a investigação até ao fim porque eles não o permitiram ;foram forçados, por falta de tempo, a arquivar o processo em relação a arguidos suspeitos do crime de corrupção;
não fizeram dezenas de perguntas(que escreveram no despacho) a pessoas -1º ministro ,ministro da presidência e outros,que nem arguidos chegaram a ser,por falta de tempo(desculpa esfarrapada,infantil);
mantiveram e reforçaram sobre eles as suspeitas com que ao longo de seis anos, a comunicação social os fritou, com o apoio indispensável vindo do interior da investigação,com violação do segredo de justiça (o que é crime),a conta-gotas.
As lutas pelo poder num regime democrático são legítimas quando respeitam a lei.
Mas não o são ,quando a violam de forma tão descarada.
Principalmente quando são os cidadãos as vítimas da incopetência,da violação da lei,
por parte de quem tem o especial dever de a respeitar e fazer respeitar.
O M.P. não se respeita e não respeita(nestes e noutros casos) o direito dos cidadãos ao seu bom nome e dignidade,a uma justiça célere e transparente.Impunemente.
Quem nos protegerá dum M.P. assim?

nove horas em dois centros comerciais

Hoje,3 de agosto,fica na minha lista de recordes:pela primeira vez na vida,fui ver um filme,Contraluz,a uma hora impensável para ver cinema,às 15h e 30m.Foi em Leiria,num centro comercial fantasma.A maior parte do edifício está desocupado,vazio,sem um única loja instalada.Só funcionam na cave,dois bares e algumas salas de cinema.Muito pouca gente.A ver o filme estávamos dez pessoas.À saída vi mais umas dez ou quinze a chegar.
Não faço ideia do porquê desta situação.Talvez pela localização,que me parece completamente inadequada.Para se lá chegar e sair,dão-se voltas e mais voltas e o mais fácil é enganar-mo-nos.
De rota batida,fui ter a outro centro comercial,também em Leiria.Este bastante conhecido e frequentado,recentemente aumentado e remodelado.
Onde há vinte e poucos anos era uma quinta,com casa de família,instalações agrícolas e uma grande vinha,está agora instalado um monolito de betão,sem graça,não obstante o evidente propósito dos arquitectos em quebrar a monotonia das paredes-muralhas.
Por dentro é ondulante,luminoso,agradável.Nada de especial.O melhor é o espaço da livraria,música,video e informática correlativa.A livraria em si,é razoável,mas também nada de especial.O trivial bem apresentado.Poucos clientes,como aliás práticamente em todas as outras lojas,à excepção do supermercado e à hora de jantar nos restaurantes.Refeições baratas,ligeiras,com bom aspecto,apetitosas,para quem aprecia o género.
Entre as 16 e as 22h almocei ,jantei,fiz umas pequenas compras,deambulei.Seis horas num centro comercial,mais um recorde pessoal.
O que mais me surpreendeu foi a enorme quantidade de pessoas que ao longo deste tempo por ali passou e permaneceu.Os parques de estacionamento,interiores e exteriores estiveram permanentemente cheios.A avaliar pelo movimento que vi nas lojas,para além das compras o grande móbil da afluência aos grandes centros comerciais é de natureza social.As pessoas gostam de se mostrar em grandes palcos a grandes plateias,de estar onde as outras estão e vão com o mesmo objectivo.Aos centros comerciais vai-se comprar produtos e vender solidão.São passerelles onde cada um desfila para os demais.Muitos jovens.Uns a trabalhar.A maior parte, ponto de encontro,a namorar.
Não admira,os cafés,restaurantes e comércio na cidade são cada vez menos frequentados.Abrem e fecham a uma velocidade cada vez maior.
Por mim,os recordes que hoje alcancei,vão manter-se por muitos e longos anos,espero.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

2 de Agosto - festa ou luto?

O Tridente emergiu hoje nas águas do Tejo. Quinhentos milhões de euros a boiar.Os outros quinhentos,o Arpão, parece que vão emergir daqui a uns meses.
Uma festa para Paulo Portas,Durão Barroso,almirantes,banqueiros e outros políticos de mentalidades arcaicas.
O povo não se viu,está submerso em dívidas,desemprego,pec,impostos e desespero.O povo está de luto.
Nas próximas eleições só votarei num partido que tenha no seu programa a Extinção das Forças Armadas.