quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Problema de Xadrez - Parte 2

Pois é.
O oficial Nazi pensou em g6 mas isso não evitava o mate das brancas. Desistiu.
Foi então que Alekhine virou o tabuleiro, jogou 1...Th4 e anunciou mate de pretas em 2 jogadas.
O oficial Nazi, agora de brancas, teve de retomar a torre em h4 com o cavalo 2CxTh4 já que ao tomar com a torre h1 seria mate das negras com 2...De1.
Após 2CxTh4 Alekhine jogou 2...Dc3 e o oficial Nazi mais uma vez desistiu por não ver defesa contra o mate com a dama em a1.



Mais uma vez Alekhine virou o tabuleiro, ficando novamente de brancas e anunciou mate em 3!!!
Que jogada terá ele em mente?

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Caros Melros.
Deixo aqui um problema de xadrez que acho muito interessante.
Esta posição terá surgido num jogo entre o campeão Alekhine e um oficial Nazi, dias antes da invasão de Praga. O oficial alemão, de pretas, preparava-se para desistir.
O que devem as pretas jogar ?


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Livros (3) - Opus Dei secreta - Ferruccio Pinotti

Opus Dei Secreta

Autor :Ferrucio Pinotti
Campo das Letras-Editores ,S.A.


https://www.bertrand.pt/fotos/produtos/9789896252731_1229690185_3.jpg

1ª edição : Fevereiro de 2008
Colecção:Campo da actualidade-99
430 páginas- 15 a 20horas de leitura

Este livro diz-lhe o que é e como funciona o Opus Dei, por dentro.Membros do Opus Dei (numerários e numerárias) que deixaram de o ser, relatam as suas experiências nesta organização católica.

Trancrevemos um pequeno excerto da contracapa do livro:

" O recrutamento,a pressão psicológica - sobretudo em relação aos jovens e às mulheres - ,o uso do cílicio e do látego(a denominada" disciplina"),a ruptura com as famílias,a repressão sexual,os livros "proibidos",a gestão do dinheiro,a doença.Histórias verdadeiras:de Itália a Espanha,da Inglaterra à Alemanha,dos Estados Unidos à América do Sul.

Ferrucio Pinotti revela como realmente se vive dentro da Opus Dei,já reconhecida como uma das mais poderosas e controversas organizações da Igreja de hoje."

Livro a não deixar de ler por quem se interessa por esta temática,especialmente pelos católicos que têm bons rendimentos ou meios de fortuna e filhos ou filhas entre os treze e os 20 anos .

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A minha democracia é melhor que a tua

Hugo Chaves,o tal da Venezuela,é um ditador!

Eleito e reeleito pelos venezuelanos em eleições consideradas justas e livres,pelos observadores internacionais, ainda assim é um ditador(na boca de toda a direita portuguesa,europeia, estadunidense, ocidental) !

O homem teve o desplante de, através do voto em referendo, ganhar o direito de poder recandidatar-se á presidência o número de vezes que lhe apetecer(ele ou qualquer outro,tal como os governadores de província e presidentes de camara)! Um escândalo, é claro.Que os eleitores venezuelanos tenham sido chamados a votar 14 vezes desde 1998,isso é irrelevante,cá para nós.

O que é relevante e imperdoável é o homem ser amigo de Cuba e Fidel Castro,ser desbocado com Bush,ter nacionalizado empresas estrangeiras ocidentais,apoiar regimes que se opoem ao imperialismo americano e europeu e,o pior dos crimes,redistribuir uma boa fatia da riqueza nacional pelo povo miserável do seu próprio país!O homem, para além de não ter maneiras, é um perigoso comunista e ditador!

Por cá,a começar pelo rei de Espanha,o famoso Juan Carlos,e pelos seus congéneres Isabel de Inglaterra,...da Holanda,..da Suécia,..Noruega...que a gente tenha conhecimento,até agora,nenhum destes e outros quejandos -e a dita Isabel de Inglaterra já leva uns cinquenta anos de poder -ganhou qualquer eleição !!

Que na Madeira um tal de Jardim e no continente uns quantos presidentes de câmara sejam eleitos há uns trinta anos consecutivamente,também não obsta...

Que em Portugal um órgão de soberania-os tribunais-não passe por qualquer escrutínio democrático e os seus titulares sejam praticamente inamoviveis, também não obsta...

Democratas ,democratas nós !!! E só nós!!!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Justiça? (1)

Agora toda a gente diz que a justiça não funciona. Grande novidade !!!

Há trinta e tal anos, já muitos de nós(quase todos) que lidamos diariamente com ela, constatávamos e diziamos o mesmo.E antes de nós,outros que nos antecederam nos alertaram para a desilusão que iriamos ter.Lutar pela justiça é como lutar contra a corrente.A justiça está a montante,os tribunais estão a jusante. De vez em quando, a maré arrasta consigo a justiça para bom porto.De vez em quando,a justiça acontece.
Os tribunais foram concebidos para julgar a arraia miúda e os seus casos miúdos.Marginalmente ,lá cai nas malhas um ou outro graúdo descuidado.
Quem faz as leis que os tribunais aplicam,(umas vezes bem, outras mal)?
Onde são recrutados os ministros e a maioria dos deputados?
Séra que eles são tão parvos que façam leis que possam cair em cima deles próprios ou dos patrões donde vieram e para onde vão regressar, quando deixam de exercer funções legislativas e ou executivas?
As leis são feitas de encomenda,por quem as pode pagar!
O que se torna particularmente evidente nas leis que regulam a economia,finanças, trabalho, fiscalidade e crimes conexos.
Os tribunais não funcionam no que toca por exemplo á criminalidade de colarinho branco,grandes burlas,corrupçao,grandes traficantes de droga,de armamento,de influências,de fuga ao fisco e outos do género,porque não foram feitos para funcionar a esse nível.
O ministério público gasta 90% ou mais do seu tempo com bagatelas penais,em que não devia gastar um minuto sequer.A maior parte dos processos são arquivados,vão para o lixo,depois de terem custado uma fortuna ao estado e aos cidadãos!Aqui o ministério público até não tem culpa.É a lei!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Insólito vira hábito, na Vestiaria - Alcobaça

Assaltos,roubos,furtos e crimes de todo o género sempre os houve e não deixará de os haver, por maior que seja a vigilância policial e de outros tipos, que se accionem.Pode é dificultar-se a prática do crime e quando ele acontece levar os criminosos a julgamento com celeridade (especialmente quando são apanhados em flagrante delito) e puni-los de acordo com a lei.Celeridade que raras vezes acontece.
Vem isto a propósito do que aconteceu hoje(16 Fev)na Vestiaria,pequena freguesia do concelho de Alcobaça ,onde toda a gente se conhece.
Por volta das 16 horas, estava grande parte da população na igreja e no adro para a realização de dois funerais,quando súbitamente alguns familiares de uma senhora falecida, por alma de quem se dizia missa,foram chamados porque lhe estavam a assaltar a residência(da falecida).Ali a 150 metros de distância,no centro da aldeia!Dois dos assaltantes foram apanhados em flagrante dentro da propriedade, e um terceiro que controlava por telemóvel o movimento das pessoas,junto ao centenário freixo(ex-libris da vestiaria) a 50 metros da igreja.
Os assaltantes, todos eles do lugar, são sobejamente conhecidos pela prática recente de outros assaltos,alguns deles em vivendas situadas na mesma rua,a poucos metros de distância da de hoje,e em circunstâncias idênticas.Numa delas,tinha a proprietária acabado de ser transportada para o hospital na sequência dum acidente,logo lhe assaltaram a casa.
O insólito está em que não é usual os ladrões actuarem repetidamente,num curto espaço de tempo, na própria terra onde toda a gente os conhece,de dia,na rua principal,no centro da aldeia,com os proprietários e vizinhos por perto !
No funeral comentava-se:a Gnr levou-os mas amanhã já estão cá fora,vamos lá a ver qual é a próxima.
Resta dizer que os assaltantes são jovens e toxicodependentes.
E que as nossas leis sobre drogas e as leis penal e processual penal,são uma droga,a droga maior.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

o melro na literatura (3)

Imfedup 19 ,amávelmente,correspondeu ao convite-desafio por nós lançado a todos os nossos leitores para neste blog fazermos uma colectânea de "o melro na literatura".Enviou-nos este belo soneto de Vasco Graça Moura, pelo que lhe ficamos muito agradecidos.


o melro de visita

o amor não é uma saga cruel:
vejo-a cuidar das plantas no jardim,
brincam as filhas com lápis e papel
e eu escrevo sossegado. é bom assim.

na relva, um melro a saltitar, vilão
pretíssimo, esfuzia à cata de algum resto,
ou da mosca azarada: passa lesto
entre duas roseiras. já é verão.

mas o melro demanda outro quintal
e do poema, sem jeito e sem disfarce,
sai de bico amarelo em diagonal

desajeitada: esvoaça sem maneiras
como um pingo de tinta a escapar-se
de verde prateado, as oliveiras.

Vasco Graça Moura, “O melro de visita”, Sonetos familiares, Lisboa, Quetzal Editores, 1994, p. 20.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Para todos os dias , incluindo o de S.Valentim

Um dia que não era o de S.Valentim, fui à pesca com a minha neta. Talvez , seja verdade que se pesca a alma,quando se está com quem se ama, com uma cana de pesca nas mãos , num dia qalquer, com a minha neta e no céu da Nazaré.

Para todos os dias , o de S.Valentim tambem



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Teleférico na Nazaré

Uma boa notícia, um teleférico a ligar a Pederneira e a Nazaré !
Há mais de vinte anos e por mais de uma vez,em conversa com amigos nazarenos,entre eles que de momento me recorde,o Frederico(do restaurante Bartidor,eh pá quanto é que pagas pela publicidade?), por alturas de campanhas eleitorais autárquicas,sugeri-lhes entre outras, três propostas para o programa eleitoral da CDU :

1-alargar e alcatroar um caminho de areia,práticamente intransitável, entre a ponte das barcas que passa por detrás do S.Brás e vai dar á entrada do Valado;
2-a construção dum teleférico ou elevador (funicular)semehante ao que liga Nazaré-Sítio;
3-a construção de um túnel na continuação da avenida marginal,a começar junto ao S. Miguel e a terminar próximo da praia do Norte,no Sítio.

Não me lembro já se estas propostas chegaram a fazer parte dalgum programa eleitoral da CDU.
Nem isso importa.
O importante é que a estrada referida em 1- foi aberta ao trânsito há bastantes anos já.Salvo erro,era então Presidente da Câmara ,Monterroso.E com isso os problemas de transito da Nazaré foram considerávelmente minorados.
Se a construçao do teleférico se concretizar mesmo(ou não passará de propaganda eleitoral?) também o trânsito e mobilidade das pessoas,mas não só ,sairão bastante beneficiados.
Restará por concretizar o túnel.
Não é minha pretensão discutir o mérito da ideia nem os seus custos.Mas tenho cá para mim,que bem pouco tempo viverá, quem não chegar a passar por ele.

A Todos os Carneiros , aos de signo e aos outros

Tenho um amigo meu,que para além de ser um exemplo de vida e amor por ela,tenta tenazmente transmitir essa forma de estar aqueles que lhe estão próximos e nos quais,vá-se lá saber porquê me inclui.


Há dias,enviou-me um mail,relembrando-me um pensamento do Vitor Hugo(1805-1885): "Uma sociedade de Carneiros,acaba por gerar um governo de Lobos".


Saí de casa e não sei porquê a voz da maioria das pessoas soava-me a balidos,alguns bem angustiados e foi com essa estranha impressão que entrei no carro,dei à chave e me pus a caminho do trabalho..


Um impulso forte levou-me ao desvio e de repente,aí estava eu,frente ao mar,vendo pelas vidraças os inúmeros pontos brancos de que o vento forte de Noroeste era o responsável,enquanto a chuva caía inclemente e densa.


Olhei para o banco do passageiro,não estava lá o meu amigo Carlos e por isso, chamei o Vitor Hugo e perguntei-lhe se ele não me dava uns segundos.Atarefado(ia na página 780 daquilo que viriam a ser os Miseráveis),mas amável, lá mos concedeu e sem esconder o seu espanto pelo conforto do banco por comparação aos assentos das carruagens da sua velha Paris,lá deixou escapar; e então... , o que se passa?!


Olhei-o,remirei-o e disse-lhe: é a primeira vez que estou com um génio e estou um pouco perturbado ... .Génio?! perturbado?! , respondeu ele com um trejeito enigmático.Oh homem sou apenas o Vitor Hugo e estou completamente "arrasca" para acabar uma coisa que ando a escrever e cujo título ainda não me ocorreu e sabe? já vou p`ra aí na página 780.


Ganhei então coragem e perguntei-lhe: Quando você fez a citação que o meu amigo Carlos me enviou,já alguma vez tinha vindo ao futuro? Não Não disse ele, nunca me tinham convocado e por outro lado, como bem sabes estou tão atarefado... . Pois eu sei, lá com aquilo da página 780 não é? Pois disse ele, ignorando a minha interrupção e também ,deixa-me dizer-te,nos breves intervalos a que me concedo e olho para aqui,não vejo coisa suficiente para cá vir assim tantas vezes,embora este banco seja bem confortável.


Fez-se um silêncio,estávamos ambos a olhar pelas vidraças para os pontos brancos de espuma que o vento de Noroeste tornava cada vez maiores e numerosos. Foi ele a quebrá-lo,o silêncio evedentemente, para dizer: Já viste que o mar estácheio de Carneiros e que o vento é tão forte que uiva como uma Alcateia.


Entre um pestanejar olhei para o lado e ele tinha desaparecido.Com os génios é assim,nem podemos pestanejar.


Virei as costas aos Carneiros do mar e regressei ao rebanho que em terra se resguardava como podia, do vento que uivava e da chuva que caía. Liguei o rádio, uma voz impessoal (parecida com um balido), anunciava uma crise tão profunda,que o comentador de serviço proclamou: sim isto está realmente mau, o mundo parece ser um imenso rebanho a ser devorado por uma Alcateia. Quando ouvi isto , ocorreu-me que talvez o livro que o Vitor andava a escrever se pudesse chamar "Os Miseráveis".


Saí do carro, virei-me contra o vento e com as bátegas da chuva batendo fortes na minha cara, gritei bem alto; miseráveis,miseráveis,miseráveis, gosto de pensar que o Vitor ouviu.


Com a lã molhada,sequei-me,afiei os cornos,chamei quantos Carneiros conheço e vamos tentar morrer felizes,protegendo as nossas ovelhas com umas valentes cornadas nesses miseráveis lobos que por aí andam.



P.S. Embora de qualidade literária mais que duvidosa,dedico este texto ao meu amigo Carlos, ao seu By Pace (é assim que se escreve?),cuja única utilidade deve ser apenas a de transformar um coração tão grande, noutro ainda maior. Um abraço de Carneiro para Carneiro



quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Receita caseira para manteres o teu posto de trabaho

Imagina que tens uma moeda,um euro,guardada num mealheiro ou esquecida num bolso do casaco há seis meses.Durante todo esse tempo, esse euro não serviu para nada.Pega nele e põe-no a circular,a fazer compras de bens ou serviços. Ali no café da frente compra um bolo.O dono do café de seguida compra três caixas de fósforos no merceeiro do lado;este foi á praça e compra á Ti Celeste quatro alfaces;A TI.. compra na papelaria do sr. Manel um caderno para o neto,o sr manel.....compra.....,a D.Alice... compra....,o......,a.....,a......compra e sempre assim,com a mesma moeda de um euro que que tu tiveste parada seis meses.
Essa simples moeda ao fim de um dia comprou bens ou serviços de que valor ? Se fez 50 compras,comprou bens no valor de 50 euros,se fez 100 ,comprou bens no valor de 100 euros!Quer isto dizer que quanto maior fôr a velocidadde com que a moeda circula,maior é o seu poder aquisitivo,maior será o benefício económico e social que desempenha.
Imagina agora o que se passará não só com o teu euro ,mas com os muitos euros que milhões de pessoas têm parados,esquecidos,sem utilidade,se forem postos em movimento.
Muitos milhares de postos de trabalho ,incluindo o teu, poderão salvar-se e inclusivé ,criar-se muitos mais.
Como estamos em tempo de crise,mais necessário é que o dinheiro,pouco ou muito,não fique parado no teu bolso ou debaixo do colchão. Investe na tua empresa se a tens, em obribaçôes (acções do estado), deposita-o num banco(atenção !!! escolhe bem)para teres uma reserva para uma emergência) ou investires mais tarde. Em qualquer destas situações o teu dinheiro poderá vir a ser útil a ti e a muita gente.
Se não tens para investir ou não queres,mas chegas ao fim do mês com as contas pagas e algum de reserva para um imprevisto,então goza um pouco mais a vida e sê útil:come mais vezes no restaurante,passeia,vai ao teatro,faz obras em casa,compra mais livros para ti e para ofereceres,faz férias fora de casa,troca o velho carro por outro que consuma menos,etc.etc. etc.
Se fizeres tudo isto ou a maior parte, preferindo produtos e serviços nacionais,se comprares no teu local de residência ou de trabalho, o teu dinheiro(pouco ou muito) não resolve tudo,mas será ainda mais criativo e solidário.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

No limiar da sobrevivencia: experiência sentida

Recentemente um amigo londinense revelou-me um dado estatístico que dá que pensar: para que todos os habitantes da Terra actual vivessem segundo padroes de consumo dos estado-unideneses seriam necessários cerca de 3 planetas!

É um daqueles dados impressionantes que faz pensar algum tempo. Não muito. Não muito porque é um dado teórico, que não sentimos, não apalpamos, nao vivemos. Não a maioria de nós, no nosso mundo ocidental do norte, chamado o 1º mundo, que mesmo para quem não é rico ainda assim tem o básico. Mas o básico segundo que padrao?!

No nosso mundo rico, do qual nos queixamos constantemente, este tipo de dados é-nos trazido por entre torrentes de informaçao acerca das mil e uma desgraças do mundo, desgraças as quais nem registramos, porque sao muitas, constantes, rotineiras, e sobretudo longínquas. Sim, há sempre noticias de muita gente a morrer despedaçada por guerras, ou decomposta por doenças, ou sugada pela fome. Mas sao noticias, imagens sem cheiro, numeros sem tacto. Quantos de nós tem contacto directo com isso? Não sabemos, porque não sentimos. Não sentimos porque não vemos. Não sentimos porque estamos demasiado longe, tal como muitos outros deixam de sentir porque convivem, demasiado perto.

Segundo o último senso, de 2001, Delhi tem mais de 12 milhoes de Habitantes. E está em crescimento. Tal como se passou em Portugal entre os anos 60 e 90, e tal como na maioria do mundo actual, há imensa gente a imigrar dos campos para as cidades, principalmente para as grandes cidades, principalmente para as capitais. Vêm a fugir da pobreza (ou miséria) do trabalho agricola dos campos e aldeias. Ou da falta de prespecticas e oportunidades de realizaçao individual que esses lugares apresentam, e que o cinema e televisao sao tao habeis em propagandear, fazendo as pessoas sonhar , e o sonho faz as pessoas andarem...

Mas em Portugal essas pessoas alimentam bairros sociais, mais ou menos pobres, mais ou menos guetos. Alguns têm problemas com a droga (os bairros ricos também), as escolas onde vao sao ditas problemáticas, aparecem psicologos pagos pelo Estado para tentar solucionar alguma coisa, etc., mas não costuma haver muita fome. O que há é discriminaçao social devido a poderes de compra e nivéis culturais distintos. É dessa forma que definimos as castas na Europa. E sim, isso é tremendo, e até faz com que gente se prostitua e roube só para poder comprar uma roupa mais na moda, ou um carro mais impressioannate. E todos nos sentimos muito incomodados se não temos pelo menos um quarto só para nós. Queremos muito espaço, muita comida, muitas coisas... Mas vejamos o mundo.

No Brasil essas mesmas pessoas alimentam favelas, o crime organizado, muitos trabalhos muito mal pagos. É pior.

Em Delhi essas pessoas alimentam directamente as ruas da cidade. Habitam as ruas. Os cantinhos todos da maioria das ruas, especialmente as principais. E quando digo as ruas refiro-me aos passeios e estradas! Na melhor das hipoteses a um qualquer mini beco imundo. Há centenas de milhares (centenas de milhares) de pessoas a dormir no passeio em todo lado, a qualquer hora, inconscientes de toda a poluiçao de todos os tipos, que aqui é o normal. Todos os sitios têm gente na rua. Muita dessa gente não tem casa, vive ali mesmo. Come, dorme, compra e vende, trabalha, caga e tem filhos ali mesmo, no passeio, ou até na própria estrada. Alguns dormem tao despojados no cimento poeirento que parecem mesmo mortos. Alguns se calhar estao!

Há sempre muita gente, em todo lado, a fazer de tudo. Qualquer trabalhito que em Portugal é feito por pouquissímas pessoas, ou ate por uma máquina, aqui é feito por muita gente, gente que recebe por isso quase nada. E muita gente nem se percebe o que raios fazem. Creio que muitos não fazem muito mais que deambular! O trabalho, a Vida aqui tem outro valor. MUITO mais baixo. Quase nulo. E só assim se pode compreender que um gajo europeu de classe média e sem muito dinheiro possa vir cá e ter um taxi com motorista-guia à disposiçao 24 horas por dia. Custa menos que ir do aeroporto ao Marquês de Pombal... Esse motorista trabalha 7 dias por semana e se for preciso atravessa o país a passear o turista, seguindo os caprichos deste. Tem de alimentar a mulher e 4 filhos, e sente-se muito feliz porque não é um dos muitos sem casa, aos quais tenho estado a referir-me.

Ao ver isto em directo, in loco, ao tocar, cheirar e sentir, de repente os numeros ganham realidade, peso, emoçao. Só nao é mais porque é tao incrivel que nem dá para entender bem. Só não é mais porque temos capas emocionais protectoras que nos bloqueiam a empatia, para não sufocarmos! Ainda estou na fase em que tudo isto me parece algo surreal, diferente, até interessante, incrivel.

Se um Europeu mal (ou melhor, bem) acostumado como eu tivesse de repente que viver essa realidade por algum tempo, digamos que uns meses, acredito que o que aconteceria seria mais ou menos isto: 40% de possibilidades de morrer de alguma doença rápidamente. 40% de hipoteses de adaptaçao. Afinal o ser humano é incrivel na sua capacidade de adaptaçao e se sobrevivesse aos primeiros meses muito possivelmente até ficaria mais forte. “O que não mata engorda”. Ou ao menos talvez nos quiexassemos menos. Agora, a questao é? Será que isto vale realmente a pena que nos habituemos? 20% de possibilidades de suicídio! Porque ver e vaguear por perto disto não nos permite compreender a sério, nem muito menos suportar aquilo que é viver assim. Se é que isto é viver. Não, não é, isto é sobreviver. No limiar da sobrevivencia.

Agora sim, isto dá que pensar! Porque dá para tocar e sentir.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

o melro na literatura portuguesa, com o abutre por companhia

Naquele dia o abutre tinha acordado mal disposto.A flatulência era atroz, doia-lhe o pescoço e até o bico estava com uma cor esquisita. Bem o tinha avisado o seu amigo que tivesse cuidado com a carne estragada, mas que diabo,não lhe parecia que aquela ovelha tivesse mais de três dias . Ainda há quinze dias tinha debicado um javali bem podre e a coisa estava deliciosa.

Três "peidos" e duas "bufas" depois, lá se resolveu a arrancar do rochedo e começar o dia, primeiro círculos estreitos depois, mais largos e com os olhos bem abertos não lhe fosse escapar alguma refeição. De repente sentiu uma ligeira impressão na ponta da sua longa asa direita,olhou e observou surpreendido que um pequeno melro ali tinha pousado. Mas o que é lá isso!? toca a sair daí imediatamente gritou-lhe o abutre. O melro,ofegante respondeu-lhe hã.. é , ainda por cima, vem um "gaijo " ajudar-te e tu , bruto tratas-me assim,pronto vou-me embora. Espera , espera lá, então vens ajudar-me!? mas em quê e porquê? bom disse-lhe o melro , não estás com flatulência e mal disposto? estou disse o abutre. Mas como é que soubeste e me podes ajudar? bem respondeu o melro ;como , foi fácil, não consigo dormir nada lá embaixo (apontando para umas laranjeiras) com o barulho dos teus "peidos",quanto a poder ajudar-te é outra coisa, mas estás interessado ou não? claro,claro disse o abutre.Muito bem , então vais seguir à risca as minhas instruções , sem perguntas nem hesitações `tá combinado? ok disse o abutre cada vez mais curioso e com a má disposição a crescer.

Ora vamos lá: Comeste carne de ovelha nas últimas 48 horas? sim disse o abutre.
Comeste Javali podre há uns dias atrás? sim, sim
Comeste acções do BPN? tem sido um fartote , respondeu o abutre
Comeste acções do BPP? umas quantas.
Comestes acções do BCP? só ao pequeno almoço
Comestes mais o quê, diz lá. Eh pá , n`a me lembro , foi tanta coisa, mas
`tava tudo morto e putrefacto,como aliás o sugerem as tuas perguntas.

Pois é , disse o melro, o diagnóstico está feito , estás com uma "merdite " aguda. E isso é grave ?perguntou o abutre. Bom... não te digo nada , é a pior coisa que pode acontecer a um abutre,`tás feito. Oh melro salva-me, salva-me disse o abutre em desespero. Oh rapaz estou aqui para isso ,disse o melro confiante.

Estamos a quantos metros de altura perguntou o melro, p`ra aí a uns 400 metros respondeu o abutre, é isso justamente que precisamos para te curar.Estás pronto para seres de novo um abutre saudável? oh melro por amor Dele. Então confia em mim: fecha os olhos, recolhe as asas , mas oh melro assim vou cair. Queres ou não curar-te , quero quero, então.., pronto, pronto vou fazer como dizes.

Agora com os olhos fechados e asas recolhidas contas até 19,aos 20 estarás curado.

Como uma seta o abutre despenhou-se , as penas espalharam-se por quilómetros o esqueleto partiu-se em mil bocados. O melro só depois se lembrou que o abutre não sabia matemática. Coitado, disse o melro olhando para o céu e observando um numeroso grupo de abutres antecipando a refeição.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Receita histórica para tempos de crise

O dinheiro do estado não vai chegar .E se chegar,vai ser ás mãos dos mesmos de sempre,dos que mais têm.A lógica é a mesma dos banqueiros:se tens empresto-te,se não tens, tem paciência !
Esperar pelo dinheiro do estado será mais ou menos a mesma coisa que esperar por sapatos de defunto:até lá(que pode ser o resto da vida de cada um)anda-se descalço.
Que fazer?
Mudar o funcionamento da economia,da sociedade,do estado, será a solução.
O que não sendo impossível,não è fácil,nada fácil.Essa mudança terá de ser tão profunda que será mais adequado chamar-lhe revolução(esperemos que pacífica ou pelo menos não muito violenta).
O capitalismo tem vindo a adaptar-se aos tempos e situações,consoante as necessidades da sua sobrevivência e desenvolvimento.As suas ,não as dos outros,isto è,da maior parte da população em cada país e a nível mundial.Tal como uma máquima programada para fazer chouriças pode ser alterada para fazer mais chouriças em menos tempo e melhor,o capitalismo tem vindo a produzir cada vez mais concentração de riqueza,nas mãos de cada vez menos.As Multinacionais andam pelo mundo a pôr e tirar governos,a pôr e tirar empresas(a chamada deslocalização) conforme lhe é mais conveniente:mão-de-obra mais barata,maior isençaõ de impostos,maiores facilidades(terrenos á borla,mais subsídios,legislação laboral mais flexível)mais lucro.Claro que vão deixando cair as migalhas que lhes permita continuar a produzir e ter clientes para as chouriças.Quando os consumidores já não têm com que as comprar,aí vem a chatice,a crise.
Tal como não é possìvel pôr uma máquina de chouriças a fazer sapatos,livros,ferramentas,cenoura ou mesmo um porco,o capitalismo por muitas alterações por que passe,não deixará de criar as desigualdades sociais que são a razão de ser da sua existência e sobrevivência.Ou não serà mais,capitalismo.
As revoluções nascem das crises,da insatisfação ,da revolta dos que estão mal e já perderam a paciência e não acreditam mais nas reformas das máquinas de fazer chouriças instaladas,porque o que querem é outra coisa e não só migalhas.Porque são eles que ao fim e ao cabo criam e produzem tudo(seja o que fôr) e ficam com quase nada(alguns) ou nada mesmo(a grande maioria).
Quando tudo parecia correr bem ,muito bem,a máquina emperrou,move-se aos solavancos,ameaça desarticular-se,implodir ou explodir. É a crise! Com o seu estendal de desemprego,dificuldades,míseria,fome.Os capatazes e mecânicos de serviço á máquina(governos e acólitos reformistas) bem se esfalfam,mas por cada buraco tapado ou peça substituida outras e mais graves avarias aparecem.
A insatisfação e falta de paciência,actualmente,é o que não falta por aí,por todo o lado,por todo o lado mesmo,como nunca se viu.O que também não è de admirar pois nunca o capitalismo foi tão omnipresente e dominante.
Pelo menos aparentemente,estão a reunir-se as condições objectivas e subjectivas para a mudança,para a revolução.Então o que é que falta?
Pelo menos aparentemente,faltam duas coisas essenciais:1- acordo entre os insatisfeitos (potenciais revoltosos)quanto a um projecto alternativo á máquina das chouriças-o capitalismo;Experiências anteriores parece não terem sido convincentes. 2- A consciência,a vontade,as formas organizativas(instrumentos) dos insatisfeitos que os transforme em revoltosos.
Estamos então num beco sem saída? Sim e não.
O capitalismo pode estar velho e caduco,irreformável mas ainda tem muita força (forças armadas, policiais e todos ou quase todos os mecanismos do estado e particulares essenciais á vida dos povos),não se renderá sem luta, ainda poderá fazer muitos estragos antes de morrer,se fôr atacado desordenadamente. Raramente os que dominam caem do poder ,como fruta podre.
Os insatisfeitos por seu lado estão divididos,desorganizados e ainda não convencidos de que è possível projectarem e construirem eles próprios uma máquina diferente,um sistema ,uma sociedade alternativa.
Até quando? Mais do que a previsão metereológica, è extraordináriamente falível prever o tempo das revoluções .Parece que vai chover e nem sempre chove.Parece que a revolta está para chegar... mas não chega.
Por vezes,quando tudo parece parado,inerte(qual vulcão aparentemente adormecido) acontece explosão.
Por vezes,"uma simples centelha incendeia toda a pradaria ".

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Museus em Alcobaça ?

Desde há largas dezenas de anos que se fala na instalação de um Museu de Alcobaça ou dos Coutos de Alcobaça.Salvo erro,até chegou a ser criado por lei,em Diário da República.Existiu(ainda existe?)uma comissão de estudo,há longos anos também,para definir os termos e contornos desse futuro(eternamente adiado) museu.
Uma cidade que tem um monumento classificado Património da Humanidade e Uma das Sete Maravilhas de Portugal,pelo menos aparentemente,justifica ter um museu da sua história,que começa, pelo que se conhece ,muito antes do início da nacionalidade.
Mas mesmo que assim não fosse,só a existência do Mosteiro,tal como é ainda hoje e com a importância histórica que teve ao longo de séculos a nível nacional ,justificaria um museu digno desse nome.
Pela informação que há poucos dias li na imprensa local,não existirá espólio suficiente que o justifique.É sabido que no período das invasões francesas (1807 a 1811) houve destruição e saque por franceses,ingleses e porventura portugueses ). A fuga dos monges em 1833 com abandono do Mosteiro e demais património,a extinçaõ da ordem em Portugal em 1834 propiciaram o saque de grande parte do recheio restante.
Ainda assim,será difícil acreditar que não seja possível reunir nas instituições do estado e particulares um número de peças suficientes e representativas.
Parece mais, estarmos perante um poder autárquico que ao longo de quase dois séculos se tem desinteressado ou pouco empenho tem posto na resolução deste caso.
Poderá o museu não ser possível como desejado, mas seria sempre melhor que o actual,isto é,museu nenhum.
Quem visitar o site da Câmara Municipal poderá verificar que estão assinalados cinco museus no concelho:Museu do Vinho(encerrado); Musseu da Atlantis,Museu Agricola,Museu do Bárrio e Museu Raul da Bernarda(poderia também referir o Museu Vieira Natividade-á espera tb. há anos,de ser organizado).Excepto o museu do Bárrio(com peças recolhidas na estação romana de Parreitas) e O museu Vieira da Natividade com achados pré-históricos) os demais são recolha de instruentos agrícolas ou peças industriais relativamente recentes e de valor muito relativo,isto é,de caracter meramente local.Mesmo assim,são de preservar e expôr ao público e se possível aumentar com outras colecções existentes em mãos de particulares.
Que a Câmara tenha adquirido recentemente,em condições que se desconhecem,o Museu Raul da Bernarda (cerâmica)até se compreende,pela importância que esta indústria teve e ainda tem (em vias de se perder)em Alcobaça.
O que já não parece razoável é que tenha comprado(tb recentemente)o chamado Museu das Máquinas Falantes aos herdeiros dum celense.Rádios antigos,microfones e outros aparelhos que tais,podem ser muito interessantes numa colecção mais vasta e abrangente e noutro contexto que não o de Alcobaça,que nada contribuiu para a sua existência.
Em termos de cultura,a política da actual Câmara de Alcobaça é a de comprar feito,muito mais que incentivar e apoiar
as colectividades e agentes locais(veja-se por exemplo,aliás escandaloso,o não apoio ao Armazém das Artes )!
Critérios que, a incompetência e o sectarismo político e partidário, tecem!