quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O estado da nação

Portuguesas e Portugueses:

Por certo deveis achar estranho este meu pesado silêncio.E,no entanto,não é caso para isso.Se reparardes bem,o silêncio é o meu forte.Passam-se décadas e décadas,em que não abro o bico!
A não ser é claro,para vitoriar A Nossa Gloriosa Selecção. E ,de vez enquando,dar uma ferroadela na boazona que mora aqui ao meu lado,e nesse paneleiro do meu patrão que se fazia tão meu amigo e me pôs os palitos e ainda por cima,pior que tudo,não me paga o salário há quatro meses e anda a pavonear-se de Cheroke topo de gama à minha custa e doutros tansos como eu.E como se isso já não bastasse,fui tão palerma que que meti as raposas no meu galinheiro,quero antes dizer,fui meter as galinhas no covil das raposas.Meu rico dinheirinho que tanto me custou a ganhar!Posso não voltar a ver peva dele,mas há um gozo que ninguém me tira que é ver esses gajos,esses banqueiros pindéricos,feitos à pressa, na pildra,na pildra!Pena é terem sido tão poucos e por tão pouco tempo.Esses filhos da mãe lá burros é que eles não são,os sacanas servem-se do nosso bago para contratar os melhores advogados (outros malandros como eles,que só trabalham pelo pilim) e o mal deles vai ser, batatas!
Justiça! Justiça!Já não há justiça !(Bem vistas as coisas,isto cá para nós e que não passe daqui,pode estar alguém à escuta) eu acho que nunca houve justiça e pelo caminho que isto leva,acho que nunca vai haver).Esses filhos dum cabrão são tão espertos que fazem ou pagam bem a quem faça as leis que depois os vai absolver ! Eu e tu é que não nos safamos por dá cá aquela palha.È bem verdade,já dizia o meu penta-avô,se bem me lembro:o pequeno crime não compensa.
Palavras sábias dum analfabeto,mas não bruto e grande poeta que foi parar ao chilindró,só por ter dado uma carga de cachaporra num tal Visconde do Bogalhal,que no pino do verão lhe roubou a àgua da horta,para ver se o matava à fome mais aos dez filhos e mulher, para se vingar de o meu penta avõ ter dito,cantado numa desgarrada :
O visconde do bogalhal / lá por ser muito rico / que tudo pode e manda / crê / sabe com quem a mulher anda / mas finge que não vê / a verdade afinal / è que não tem os bogalhos no sítio.

Naquele tempo, era um atraso,não havia escutas,havia bufos.

(continua num destes próximos dias,se não me der o sono e o tempo correr de feição,que o discurso ainda vai no meio,ou nem tanto,minhas bem-amadas portuguesas e queridos portugueses).
O sempre vosso e fiel, ZÉ POVINHO

1 comentário:

Desambientado disse...

Fiz um presépio, onde...

Os anjos cantam em coro,
Glória a Deus e Paz na Terra.
Nessa aldeia não há guerra,
Nem quero que haja choro,
Estão lá os meus amigos,
Os recentes e os antigos,
É nesse lugar que moro.

Boas Festas