sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Artigo de opinião publicado no Região de Cister no dia 20 de Janeiro

Fernando Nobre é uma lufada de ar fresco


Entre os seis candidatos a Presidente da República, apenas quatro – Cavaco Silva, Manuel Alegre, Francisco Lopes e Fernando Nobre parece terem hipótese de uma votação suficientemente expressiva.
Os três primeiros por terem apoios partidários, respectivamente PSD-CDS, PS-BE e CDU (PCP-Verdes).
Fernando Nobre é entre eles o único independente, sem apoio declarado de algum partido.
No entanto, o seu prestígio pessoal é indiscutível.
Ao ponto de todos os candidatos e forças políticas reconhecerem o seu mérito e até lhe tributarem admiração, pela sua obra humanitária a nível internacional e nacional, sem desfalecimento ao longo de trinta anos, em dezenas de países, por todo mundo.
Mérito e admiração que não são de mais, porquanto a A.M.I – Assistência Médica Internacional – de que Fernando Nobre é fundador e grande impulsionador, é o exemplo perfeito do que pode um homem e uma organização fazer em benefício da humanidade.
Sem discriminação de raças, religiões, políticas, sexo, idade, nacionalidade, amigos ou inimigos.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nenhum estado cumpre e respeita integralmente, não obstante muitos deles a invocarem quando lhes convém, tem sido e é o guião, a cartilha que Fernando Nobre e a A.M.I. têm seguido escrupulosamente. Com meios reduzidos, enfrentando enormes entraves e dificuldades. Em teatros de guerra ou calamidades, Fernando Nobre e a A.M.I. são dos primeiros a chegar para acudir às vítimas , às pessoas de carne e osso como nós, que sofrem.
Em muitas situações, Fernando Nobre e a A.M.I têm feito muito mais que muitos estados, quantas vezes responsáveis por essas situações.
Fernando Nobre e a A.M.I., têm prestigiado internacionalmente Portugal, mais que qualquer governo ou Presidente da República.
Só por miopia ou mesquinhês políticas é que Fernando Nobre e a A.M.I., não foram ainda candidatados a Prémio Nobel da Paz.
Dentre os laureados com este prémio, poucos o terão merecido mais que Fernando Nobre e a A.M.I. o merecem.
Não deixa pois se ser estranho e patético que o grande argumento usado contra a sua candidatura seja, de que não tem experiência política!
Tem-na e ao nível mais profundo que é desejável para um chefe de Estado, nomeadamente de Portugal.
Um Portugal em crise económico - política, em que os mais vulneráveis – reformados, crianças, desempregados, e boa parte do povo que trabalha – estão a suportar as consequências da crise até limites que raiam a miséria, enquanto uma classe de banqueiros, agiotas, empresários encostados ao poder e protegidos da política, de forma obscena, continuam a enriquecer e a assobiar às dificuldades de quem as sofre.
O Presidente da República em Portugal, não governa.
Funciona como guardião do regular funcionamento das instituições do poder, pode vetar leis que considere injustas, pode dissolver a Assembleia da República e por conseguinte fazer cair governos e convocar novas eleições e influenciar o governo e partidos para soluções equilibradas em função do interesse nacional.
O Presidente da República pode vir de qualquer profissão, não tem que ser político, economista, jurista, engenheiro, médico, militar ou outra.
Deve ser sobretudo um homem ou mulher que conhece o povo que o elegeu, e de preferência outros povos.
Deve ser um homem justo, humanista e equilibrado, sensato e corajoso, para enfrentar todo o tipo de pressões dos partidos políticos, interesses particulares dos potentados económicos nacionais e estrangeiros, dos complexos político- militares.
Os partidos políticos, essenciais à democracia, estão cada vez mais fechados sobre si mesmos, enquistados, radicalizados, não ouvem, não evoluem, só lutam pela sua sobrevivência e pela repartição das benesses do poder entre si e apaniguados. Monopolizam a política e hostilizam quem não vem de dentro deles. Daí que a abstenção na hora do voto seja já enorme. Os desiludidos e descrentes com os políticos são cada vez em número maior, o que é perigoso para a democracia.
Urge que tenhamos um Presidente da República, apartidário, não viciado nos jogos do poder. Um Presidente de República que seja a emanação do voto popular sem intermediação dos políticos de sempre, sempre os mesmos.
Cavaco, já vem de longe atrelado e subserviente ao PSD- CDS e nem o facto de ser economista nos valeu de nada. Bem pelo contrário, colaborou com tudo aquilo que trouxe a crise. Quando fala ninguém o entende e a maior parte do tempo, distanciou-se silenciosamente, a trabalhar para ser eleito num segundo mandato.
Manuel Alegre, vem de mais longe ainda, grande resistente antifascista e poeta. Como político, andou sempre agarrado ao PS, com pequenos arrufos ocasionais.
Francisco Lopes, filho do PCP, são grandes lutadores, mas sem o mínimo de maleabilidade táctica e estratégica incapazes de forjar alianças à esquerda, isolados no seu ouriço, a sonhar que farão sózinhos a revolução socialista, amanhã.
Fernando Nobre, independente, apartidário, democrata, justo, humanista, equilibrado, sensato e corajoso é uma lufada de ar fresco, capaz de nos restituir a esperança, capaz de ser a nossa voz no mais alto patamar de poder.
É tempo de passar do descrédito e da lamúria à acção. Tão simples, quanto necessário: votar.
Quem não vota, de nada lhe vale depois queixar-se.
Tenho as minhas preferências partidárias, quando se trata de votar em partidos.
Mas, nesta eleição, não são os partidos que contam.
O meu voto é livre, sem amarras.
O meu voto vai para o Fernando Nobre:
Fernando Nobre a Presidente da República.

Felisberto Matos

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