Faz hoje seis meses de governo do Partido Socialista com o apoio parlamentar de toda a esquerda-PCP;BE;Verdes.Um facto inédito na democracia portuguesa.A esquerda,só uma vez depois do 25 de Abril de 74,convergiu para fazer frente à direita,em eleições:foi no ano de 1986(?) nas presidenciais em que na segunda volta estiveram frente a frente Mário Soares e Freitas do Amaral.Cunhal em tempo record convocou um Congresso Extraordinário do PCP para fazer engolir um sapo aos comunistas e assegurar a vitória de Mário Soares.
Mas a divisão da esquerda (diria, ódio)não esmoreceu,pelo contrário,parece ter-se reforçado.Foram necessários mais trinta anos para,num momento de lucidez,algo de semelhante ter voltado a acontecer:um acordo parlamentar de esquerda para viabilizar um governo do PS.
Este entendimento,só pelo facto de se ter consumado(independentemente do tempo que venha a durar) constitui um marco histórico na democracia portuguesa.Mostra que é possível derrotar a direita,dentro de uma União Europeia reaccionária.Este entendimento impediu a ghuetização do PCP e BE e,a sua existência meramente tolerada e ornamental duma democracia cavaquista e retrógrada. O ex-presidente da república cavaco silva quis colocar de novo a esquerda na (semi?) clandestinidade;Jerónimo de Sousa,Catarina Martins e António Costa mostraram e estão a demonstrar que é possível divergir entre si no acessório e convergir no essencial.
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