A propósito de um hospital novo
Foi com alguma surpresa que ouvi noticiar que o sr.Presidente se propôs oferecer ao Ministério da Saúde,o terreno onde está implantado o Mercoalcobaça,para um hospital novo,isto é,a construir de raiz.
A surpresa não foi só minha pois ,ao que me é dado saber,os vereadores da oposição -PCP e PS- também vieram a conhecer tal proposição,primeiro pela rádio local e só depois em reunião de câmara.
Logo por aqui se vê,quanto as decisões políticas da câmara padecem de falta de diálogo e práticas democráticas.É que,tendo V.E. sido eleito por maioria absoluta,nem por isso os vereadores da oposição deixam de representar quarenta e tal por cento dos eleitores. V.E. e o seu partido ganharam é certo,mas os que ficaram em minoria não deixaram de ser alcobacenses e cidadãos tão legítimos e com tantos direitos,quanto aqueles.A menos que V.E. se julgue e actue apenas
como presidente dos que o elegeram. Pessoalmente,não acredito, isto é,não quero acreditar.
As questões aqui que me proponho expôr interrogativamente,são muito simples,já que um hospital melhor que o que temos,todos os alcobacenses o desejam e quanto a isso não parece haver discórdia.Embora eu não acredite que venha a ser uma realidade nos próximos 10,15 ou 20 anos,por razões que ultrapassam o âmbito local.Vamos às questões:
Primeiro:
de que hospital estamos a falar? Com que valências? que cuidados de saúde vai prestar? os mesmos,que são já tão poucos e com tendência a ser cada vez menos?Ou um hospital com mais especialidades,mais profissionais e mais apetrechado técnicamente?
Esta é a verdadeira questão,o edifício em si,sendo relevante,não é o fundamental.
Segundo:
V.E. propõe-se doar o terreno.
Se essa é ou vier a ser uma condição decisiva para a construção dum novo hospital,que não seja apenas mais um edifício novo,estamos de acordo.Parece-me no entanto,que V.E. cedeu antes de a batalha começar,com a ansiedade de mostrar serviço,obra feita,betão à vista.Esqueceu-se das contrapartidas prometidas pelo anterior governo,por o novo aeroporto deixar de vir a localizar-se na OTA,como durante muitos anos esteve previsto?
Esqueceu-se de que o actual governo,via Ministério da Agricultura,para ceder o Museu do Vinho à câmara,está a a exigir que esta lho compre? No mínimo,tentou uma permuta?
Terceiro:
independentemente da questões anteriores,o sr.Presidente parece ter-se precipitado ao oferecer o terreno do Mercoalcobaça.Senão vejamos:tirando o parque automóvel e ajardinado que estão livres,no resto do terreno estão construidos os edifícios do Merco,com uma área coberta de três ou quatro mil metros quadrados(cálculo a olho e à distância,penso que peca por defeito).Construção recente,vinte anos no máximo.Entre área coberta e descoberta,rondará um hectare.Tudo no valor de alguns milhões de euros.O edifício do Merco,a seguir ao mosteiro,é a maior área construida na freguesia de Alcobaça.A única que acolhe eventos com milhares de pessoas.Destruí-lo,afigura-se uma má ou mesmo muito má solução.Terá a câmara alternativa disponível para substituir o Merco? Onde, quando e quanto lhe custará consegui-la ? Não está a câmara financeiramente no fio da navalha? Caso o hospital venha a ser uma realidade naquele local,não será também necessário deslocalizar a feira? Para onde,quando e a que custo?
Finalmente ,mas não menos importante:
será o melhor local para um hospital? Está em construção a estrada que ligará, a Nazaré à estrada nacional nº1,que passa pela Fervença,Boavista com variante a sair dentro de Alcobaça,junto à Acessor( a duzentos ou trezentos metros do actual hospital).Não haverá próximos dessa via rápida,terrenos camarários ou particulares convenientes ao hospital e muito mais baratos? Não será inclusivé,de repensar a hipótese de fazer obras de remodelação no actual hospital?
Sr. Presidente da Câmara de Alcobaça:
Não duvido da sua boa vontade para resolver situações que tirem Alcobaça deste aparente beco bem estreito,em que se encontra.Alcobaça está económica e socialmente sem vitalidade,envelhecida,quase moribunda.Mais parece,desde há anos,um velho carro sem motor e sem condutor.O sr. Presidente ainda é jovem e espera-se de si algum arejamento de ideias e sadio relacionamento com os munícipes.A princípio revelou alguma abertura .Actualmente(e decorreram apenas alguns meses sobre a sua eleição)começa a parecer-se com o seu antecessor,fechado na sua concha partidária,egocentrista,alheio às opiniões e contactos com a população,avesso à discussão democrática com os representantes da oposição no executivo camarário e assembleia municipal.
O hospital já levou o seu antecessor,a fazer a compra do terreno em Alfeizerão, previsivelmente ruinosa para as finanças de Alcobaça,como veio a acontecer,não obstante ter sido repetidamente alertado.
O sr. ainda está a tempo de não trilhar o mesmo caminho e é bem fácil:basta convencer-se de que não é o único dono da verdade,de que não é dono de Alcobaça e que os bens,dinheiro e interesses públicos devem ser geridos com muita prudência e ponderação.
+ União (83): Um acórdão digno de nota
Há 5 dias
3 comentários:
caro FELISberto,
coloquei no unir...
aquel'abRRaço
e os senhores que tem peso na assembleia municipal nao conseguem pressionar para pedir responsabilidades ao dr.sapinho pela aquisiçao do terreno que custou tanto dinheiro, e que decerto implica ainda assim aumentos na agua e recolha de residuos por exemplo no nosso municipio!
Chon, a falta de senso na saúde
ou o porquê do fim do hospital de Alcobaça:
http://chon2010.webs.com
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